segunda-feira, março 24, 2008

O DIA EM QUE O MEU SOBRINHO SALVOU MINHA VIDA


Em 1999, eu era funcionário da Secretária de Saúde do Distrito Federal, trabalhava em uma equipe de educação em saúde, indo na contramão do sistema hospitalar, ou seja, o nosso sistema de saúde trabalha com cura de doenças e o formato da nossa equipe era de prevenção a doença. Mas não é isso que vem ao caso, no entanto, por causa deste trabalho, chegava sempre muito tarde em casa. Pois cobríamos festas muito movimentadas, principalmente no carnaval e foi exatamente no carnaval de 1999, dia em que eu estava chegando em casa por volta das 02:00 da madrugada depois de um longo e cansativo dia de trabalho. Fui abordado por 4 homens (neste caso eram moleques), me questionaram o que eu estava fazendo na rua uma hora daquelas, disse que estava chegando do trabalho, eles não acreditaram (se basearam nas próprias vidas para tirar a conclusão).
Indagaram, disseram que quem andava sozinho uma hora daquela era “viado” (palavra deles) e que eu ia levar um corretivo para deixar de ser “baitola”sic e que teria muita sorte de sobrevivesse. Pedi que não me matassem pois meu filho precisava do meu auxilio. Disseram que eu estava mentindo e que eu não podia ter filhos visto que eu tinha tudo para ser “viado”sic (tolinhos). Disse que era pai do Wemerson, para minha sorte eles conheciam meu sobrinho e gostavam dele (como todo mundo que o conhecia).
Pediram desculpas e me aconselharam a não andar na rua aquela hora (como se tivessem moral para aconselhar alguém). Falei sobre o meu trabalho e que era impossível não estar na rua. Eles me dispensaram, ao chegar em casa, fui ao quarto do meu sobrinho que eu criava como um filho, o vi dormindo e agradeci por ele ter salvado a minha vida.